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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Novas descobertas no Egito

Trabalhando na necrópole de Tebas, um vasto conglomerado de túmulos antigos e templos mortuários na antiga cidade de Tebas, atual Luxor, no Egito, arqueólogos descobriram uma tumba antiga, na margem oeste do Nilo, feita à semelhança do túmulo mítico de Osíris.
Além disso, o túmulo de uma rainha egípcia previamente desconhecida foi encontrado em uma pirâmide na necrópole do Cairo.
Uma equipe de arqueólogos do Instituto Tcheco de Egiptologia descobriu o túmulo de uma rainha egípcia previamente desconhecida, que eles agora acreditam ser a esposa do faraó Neferefre, que governou há 4.500 anos.
O túmulo foi descoberto em Abu Sir, que é uma vasta necrópole construída nas proximidades da capital egípcia do Cairo. Lá, há várias pirâmides dedicadas a faraós da Quinta Dinastia do Império Antigo (2494 a 2345 aC), incluindo Neferefre.
O ministro das antiguidades egípcias, Mamdouh al-Damaty, disse que o nome da rainha foi identificado como Khentakawess III graças a inscrições nas paredes de sua tumba.
“Esta descoberta vai lançar luz sobre certos aspectos desconhecidos da Quinta Dinastia, que junto com a Quarta Dinastia, testemunhou a construção das primeiras pirâmides”, disse al-Damaty.
Além de identificá-la como “esposa do rei”, a inscrição também indicava que a rainha era “mãe do rei”, provavelmente referindo-se ao faraó Menkauhor Kaiu, o sétimo governante da Quinta Dinastia, que administrou a região cerca de 2422 a 2414 aC.
A parte alta da tumba consiste de um “mastaba”, uma estrutura retangular de teto plano com os lados construídos em tijolo ou pedra, e uma capela, que originalmente tinha um par de portas falsas na parede oeste. A parte subterrânea da tumba consiste de uma câmara funerária.

Outro túmulo misterioso foi encontrado em Abydos, uma das cidades mais antigas do Egito, na necrópole de Sheikh Abd el-Qurna, que contém a maior concentração de túmulos privados no complexo de Tebas.
Este é o lugar onde todos os sacerdotes e a nobreza egípcia foram enterrados durante o Império Novo, um período da história que durou do século 16 aC até o século 11 aC, governado pelas dinastias 18ª, 19ª e 20ª do Egito.
Parte do túmulo foi descoberto por Philippe Virey em 1887, mas nunca foi descrita. Assim, uma equipe de arqueólogos espanhóis e italianos liderados por María Álvarez Milagros Sosa do Projeto Min se propuseram a escavar suas múltiplas câmaras e poços este ano.
Eles relataram que a tumba foi modelada de acordo com o enorme túmulo de Osíris, um componente importante da antiga lenda egípcia.
Os arqueólogos acreditam que remonta a 25ª dinastia do Egito (760-656 aC) ou a 26ª (672-525 aC), com base em uma comparação com tumbas similares que contêm elementos parecidos. O exemplo mais famoso é o túmulo de Osíris, chamado de Osireon, embutido no complexo funeral de Seti I.

Osíris é o antigo deus egípcio dos mortos, da vida após a morte e do submundo. É descrito geralmente com uma pele brilhante verde-esmeralda, barba de um faraó, coroa adornada por duas penas de avestruz e pernas enfaixadas como uma múmia.
O simbolismo de Osíris é muito evidente na tumba, uma vez que todos os elementos que lembram o túmulo mítico estão presentes, como uma grande escada de 3,5 metros de comprimento levando para o Inferno, uma estátua de Osíris na parte mais alta, simbolizando seu isolamento; um corredor vazio que simboliza o canal de água e uma câmara abaixo da estátua, identificando o falecido com Osíris.
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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Maldição traduzida



Uma forte maldição, inscrita nos dois lados de uma fina tabuleta, foi concebida para afligir não alguém dos altos escalões, mas um simples vendedor de frutas e vegetais há aproximadamente 1.700 anos atrás, na cidade de Antioch.
Escrita em grego, a tábua com a inscrição apareceu em Antioch, uma das maiores cidades do Império Romano oriental, hoje parte da Turquia, perto da fronteira com a Siria.
A maldição chama Iao, o nome grego para Yahweh, deus do Antigo Testamento, para afligir um homem chamado Babylas, identificado como um verdureiro. Está lá também o nome de sua mãe, Dionysia, “também conhecida como Hesykhia”. O texto foi traduzido por Alexander Hollman, da Universidade de Washington.
O artefato, hoje no Museu de Arte da Universidade de Princeton, foi descoberto na década de 30 por um grupo de arqueólogos, mas não havia sido traduzido até então.
“Oh Iao, lançador de raios e trovões, atinja, enlace Babylas, o verdureiro”, lê-se no começo da escritura. “Assim como você golpeou a carruagem do Faraó, atinja as suas [de Babylas] ofensas”.
Hollmann comenta que ele já havia visto maldições serem direcionadas a gladiadores e condutores de carruagens, entre outras ocupações, mas nunca a um vendedor de verduras e frutas.
A pessoa que faz a maldição não está nomeada, então os cientistas só podem especular o que motivou disso. “Existem maldições que são relacionadas ao amor”, afirma Hollmann, “mas essa não tem esse tipo de linguagem”.
É possível que a “magia” seja resultado de uma rivalidade de negócios. “Não é uma má sugestão que seja relacionada a uma troca ou venda”, comenta Hollmann, adicionando que a pessoa autora da maldição poderia também ser um verdureiro. Se for esse o caso, a venda de vegetais no mundo antigo era bem competitiva. “Como todo tipo de negociador, eles têm seu território, estão suscetíveis à rivalidade”.
O uso de metáforas do Antigo Testamento da bíblia sugere incialmente que o autor era judeu. Após estudar outras magias antigas, que usam metáforas, Hollmann se deu conta de que esse não é o caso.
“Não acredito que há necessariamente alguma conexão com a comunidade judaica”, afirma. “Magia grega e romana incorporaram textos judeus algumas vezes sem nem entendê-los direito”.
Além do uso de Iao (Yahweh), e uma referência a história do Êxodo, a tábua de maldição também menciona a história do primogênito do Egito.
“Pode ser simplesmente que o Antigo Testamento seja um texto forte, e a magia gosta de lidar com textos e nomes poderosos”, afirma Hollman. “É isso que faz a magia funcionar, ou faz com que as pessoas pensem que funciona

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Novas revelações sobre Tutankhamon podem surgir em breve.

O Egito anunciou que, na próxima semana, vai fazer revelações importantes sobre a família e filiação de Tutankhamon, um dos grandes mistérios da antiguidade faraônica, com a ajuda de análises ao DNA.

O anúncio deverá ser feito no Museu de Arqueologia do Cairo, onde está exposto o tesouro descoberto em 1922 no túmulo do jovem faraó da XVIII dinastia, que morreu há mais de três mil anos.
O diretor do museu, Zahi Hawass, disse estar em condições de revelar “os segredos sobre a família e filiação de Tutankhamon, com base nos resultados das análises científicas à sua múmia”.
Hawass, que se opôs a que os testes ao DNA fossem realizados no estrangeiro, anunciou em Junho do ano passado que investigadores egípcios estavam a tentar solucionar o enigma da filiação do faraó.
A múmia do jovem príncipe proclamado rei com uma idade estimada de nove anos foi descoberta num sarcófago em ouro maciço pelo arqueólogo britânico Howard Carter, no Vale dos Reis, perto de Luxor.







O túmulo continha um tesouro excepcional, a máscara da múmia em ouro maciço que muito contribuiu para fazer de Tutankhamon um dos faraós mais conhecidos, mesmo que o seu reinado de uma dezena de anos tenha sido modesto.
A possibilidade de uma filiação com Nefertiti e a morte quando ainda era adolescente, fazem com que “a parte romântica desta história seja incontestada”, considera o egiptólogo francês Marc Gabolde, que se especializou na história do jovem rei.
Mas apesar das investigações intensas, a sua ascendência exata ainda não foi precisada com exatidão, bem como as circunstâncias certas da sua morte – doença, acidente ou assassinato – continuam a ser um enigma.
Agora é esperar e ver o que há de novo em tão polêmico tema.

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A descoberta da América pelos egipcios.









terça-feira, 12 de maio de 2009

Revelações sobre os saqueadores de tumbas do Egito


Segundo o Livro dos Mortos, após o funeral, o akh do morto dirigia-se ao horizonte ocidental, onde ficava a Sala do Julgamento presidida pelo deus Osíris (El-Mahdy, 1995: 154). Perante quarenta e dois deuses, o morto declarava sua inocência, enquanto em uma balança o seu coração (representação da consciência) era pesado contra a pena da deusa Maat (representação do equilíbrio), com o objetivo de verificar que o morto não houvesse mesmo cometido as quarenta e duas ações que contavam da “confissão negativa” (encantamento n° 125), como vemos abaixo:
“Ó tu, cujos passos são longos, que vens de Heliópolis, eu não menti.” e,
“Ó tu, que és abraçado pelo fogo, que vens de Khereha, eu não roubei.” (Faulkner, 1993: 31)
A razão destas ações serem negadas demonstra que as mesmas faziam parte do cotidiano egípcio. Os próprios símbolos formadores das palavras “mentira e “roubo” refletem igualmente seu significado. Na palavra mentira, grg, o determinativo é um pequeno pássaro que representa ações pequenas ou mundanas; e na palavra roubo, awAi, o determinativo é um homem batendo com um bastão, sem dúvida uma ação repressora ou condenatória, o que demonstra que extraía-se confissões de quem roubava através de bastonadas nas palmas das mãos e nas solas dos pés.
O morto, caso fosse considerado transgressor de alguma das quarenta e duas ações condenadas, fato que nunca aparece representado nas vinhetas dos papiros, teria seu akh devorado por uma criatura híbrida chamada Ammit, a “engolidora de almas”. Se fosse considerado puro, tornar-se-ia um justificado, mAa-xrw, e passaria a viver eternamente no reino do deus Osíris.
As Tumbas
Para os egípcios, a palavra pr, significava casa; esta mesma palavra era também utilizada para denominar a “tumba”, “Casa da Eternidade” (Faulkner, 1976: 89). Os tipos de construções funerárias variaram muito no decorrer da história egípcia. Construíram-se tumbas de adobe3, mastabas, pirâmides e hipogeus4, todos com o mesmo objetivo: preservar o morto e seu enxoval funerário. Deveriam, portanto, ser estruturas eternas, um local seguro, resistente ao tempo e protegido contra os animais (Budge, 1995: 315).
Os sepulcros estavam localizados em áreas estratégicas, longe das enchentes periódicas do Nilo e respeitando duas concepções simbólicas: o deserto ocidental onde tudo perece e o local onde o sol se põe, ou seja, a morte (Lurker, 1995: 14).
As construções eternas permaneceram, mas foram lesadas pela sua própria imponência: despertaram a atenção e, conseqüentemente, a cobiça entre os homens. A eternidade dos mortos estava ameaçada pela atividade de saqueadores movidos pela busca de tesouros.
Os arquitetos dos Antigo e Médio Reinos, conscientes dos saques, tentaram resolver o problema incluindo passagens secretas, fossos e câmaras falsas no interior das tumbas. Todas as modificações foram ineficientes, muitas das mastabas e pirâmides em Gizé, Sakara, Dashur, Hawara, Lisht e El-Lahun foram encontradas completamente vazias (El-Nawaway, 1980: viii). Até a XVII dinastia, muitos sepulcros reais eram ligados aos templos funerários, onde os sacerdotes faziam oferendas diárias ao Ka do rei morto. Este culto funerário, na maioria dos casos, não perdurava senão por algum tempo após a inumação real; quando abandonado, o complexo funerário ficava à mercê de saqueadores (Desroches-Noblecourt, 1984: 50).
No início da XVIII dinastia, os faraós, preocupados com os constantes roubos, decidiram esconder os hipogeus, separando-os dos templos funerários. Amenhotep I foi o pioneiro na construção de sua tumba subterrânea na margem ocidental de Tebas, em um vale deserto chamado Biban el-Moluk, conhecido atualmente como “Vale dos Reis”. Seu sucessor, Tothmés I, também adotou a construção de um hipogeu. Durante seu reinado, Ineni, um alto funcionário e arquiteto real, registrou a seguinte inscrição em sua própria tumba:
“(...) Eu supervisionei a escavação da tumba de Sua Majestade na rocha, sozinho, sem ninguém ver ou ouvir (...)” (Harris e Weeks, 1973: 102).
Esta inscrição é clara quanto à precaução no relativo à segurança da tumba. Mas até que ponto havia sigilo sobre a construção?
A Vila de Deir el-Medina e os Saques
Os trabalhadores e artesãos que construíam e decoravam as tumbas durante o Reino Novo habitavam em uma vila, localizada num pequeno vale na margem ocidental de Tebas, conhecida atualmente como Deir el-Medina. O nome provém do árabe “Monastério da Cidade”, devido à presença de um pequeno templo dedicado a deusa Hátor5, construído no período Ptolomaico e utilizado pelos coptas como monastério.
A administração desta vila, bem como a da necrópole, estavam sob as ordens de um prefeito, governante de Tebas ocidental “Cidade dos Mortos”, enquanto em Tebas oriental, onde a maioria da população habitava, havia outro prefeito, o governante da “Cidade dos Vivos”.
Os trabalhadores viviam isolados em aproximadamente setenta casas cercadas por uma muralha. A única entrada da vila localizava-se ao Norte, sob vigilância constante – controlava-se a entrada e saída de bens através de registro e inspeção. A construção das tumbas era efetuada por dois grupos, cada um com cerca de sessenta homens, escolhidos de acordo com o local onde moravam: à direita ou à esquerda da rua central da vila (Baines & Málek, 1996: 100). Permaneciam no vale durante uma semana egípcia (dez dias) e retornavam para descanso quando substituídos pelo outro grupo de trabalhadores. Dois “chefes dos trabalhadores” supervisionavam os grupos, sendo um para os trabalhadores que ficavam na vila e o outro para os que estavam no Vale dos Reis. Ao término de cada mês, os trabalhadores e artesãos recebiam seu salário pago em espécie (grãos, legumes, peixes, óleo, entre outros) (Taylor, 1995: 36).
De um depósito, chamado de sebakh, localizado próximo ao templo da deusa Hátor, provêm as informações mais interessantes sobre o cotidiano desta comunidade há mais de três mil anos. A missão francesa descobriu inúmeros registros em hierático, ou em hieróglifos cursivos, escritos sobre ostracas (lascas de calcário ou fragmentos de cerâmica). Muitas outras foram encontradas misturadas à massa de tijolos de adobe, nas paredes das casas (Desroches-Noblecourt, 1984: 46). Os dados provenientes de escavações arqueológicas, ostracas e papiros demonstram que inúmeros habitantes de Deir el-Medina estavam envolvidos com os saques de tumbas.
Segundo uma ostraca (Cairo n° 25521) e um papiro (Salt n° 124), Paneb, o chefe dos trabalhadores no reinado do faraó Siptah II (início da XX dinastia), estava envolvido em uma série de irregularidades. Utilizou sua posição para proveito próprio: ordenou que um trabalhador estucasse a câmara funerária de sua tumba, e de outro exigiu que pintasse seu ataúde. Utilizou-se, ainda, de bens do Estado para seus propósitos o mais grave, porém, é que provavelmente assassinou Neferhotep, o outro chefe dos trabalhadores, que o havia denunciado. Outro crime de Paneb só foi descoberto pelos arqueólogos que escavaram sua casa: um fragmento de madeira recoberto com folhas de ouro, pertencente ao faraó Ramsés III, foi encontrado em sua adega (Desroches-Noblecourt, 1984: 48). Paneb conseguiu ocultar seu envolvimento com o saque da tumba real, confirmando assim que o governo raramente agia, devido a ausências de denúncias.
Durante os reinados dos Raméssidas (c. 1200 – 1085 a. C.) os roubos tornaram-se mais do que evidentes. Em 1126 a. C., Paser, o prefeito da cidade dos vivos, em Tebas oriental, iniciou uma investigação, na qual apuraria quais eram as tumbas reais violadas. Na realidade, esta investigação deveria ter sido efetuada por Pawero, o prefeito da cidade dos mortos, já que a necrópole estava sob sua administração. Paser já suspeitava que Pawero estava envolvido com os saques, queria denunciá-lo e aos roubos. Havia uma rivalidade entre os dois prefeitos. Um documento, o papiro Amherst, encontrado nos anos 1850 em Tebas e conhecido desde 1874, atualmente na Pierpont Morgan Library, Nova Iorque, completa a história. Paser localizou os suspeitos (El-Nawaway, 1980: ix). Um deles, chamado Amonpanefer, (El-Mahdy, 1995: 26) narra assim os acontecimentos:
“ No 13° ano do faraó, meu senhor, quatro anos atrás, eu concordei com o carpinteiro Seteknakht [em roubar as tumbas da necrópole]. Nós procuramos e nós encontramos a tumba [do rei Sobekemsaf], e de sua esposa real Nebkhaas7. Ela estava protegida e selada com gesso, mas nós forçamos a entrada. Nós abrimos seus ataúdes e os tecidos, nos quais eles estavam envolvidos, e encontramos a nobre múmia do rei, trajada como um guerreiro. Havia muitos amuletos ugiat e ornamentos em seu pescoço, e uma máscara de ouro sobre ele. As confissões foram obtidas através de bastonadas. Os papiros, entretanto, não mencionam o fim desta história. Os envolvidos no saque das tumbas tebanas provavelmente foram condenados e mortos. As tentativas de fiscalização das tumbas continuaram. Horemkhenesi, chefe dos trabalhadores, deixou registrado em um grafite (n° 2138), a leste da entrada da tumba de Seti II, o seu trabalho: “Ano 20, segundo mês do verão, (...), a vinda do sacerdote-wab de Amon-Ra, rei dos deuses, o maior no grupo do local da verdade, Horemkenensi, para fazer a inspeção inicial no grande vale, com os agentes do grupo, os quais estavam sob seu comando: Heramonpena, (...), Kenamon e Sapaankh” (Taylor, 1995: 18). Com a morte de Ramsés XI, o Egito entrou em um novo período de conturbação social. O Vale dos Reis não era, agora, um local seguro, nem mesmo para os vivos. Temerosos, os últimos trabalhadores de Deir el-Medina mudaram-se para o Sul, refugiando-se no interior das muralhas do templo de Medinet Habu. Posteriormente a esta mudança, os trabalhadores foram dispersos, sendo alguns recrutados pelo exército (Taylor, 1995: 38). Preocupados com a segurança das múmias, os oficiais continuaram fiscalizando as tumbas conhecidas e começaram uma busca para encontrar as tumbas antigas. Iniciou-se um novo processo, em meados da XXI dinastia, uma espécie de confisco de bens que não haviam sido levados pelos saqueadores. Este episódio é às vezes descrito como “a saga das múmias errantes”. Os sacerdotes do templo de Karnak recolheram as múmias que ainda se encontraram nas tumbas. Muitas estavam danificadas e foram restauradas, reenfaixadas e depositadas em “novos” ataúdes, pertencentes a outros indivíduos cujas múmias provavelmente haviam sido destruídas (El-Nawaway, 1980: x). Inúmeras múmias passaram por várias tumbas, até serem depositadas em dois “esconderijos reais”.






Este fato ocorreu no início da XXIII dinastia, durante o reinado do faraó Sheshonq I (c. 945 a. C.). O primeiro esconderijo era a tumba da rainha Inhapi, onde quarenta múmias (sendo trinta e duas de personalidades régias e oito sacerdotais) foram inumadas (El-Mahdy, 1995: 36-37). No segundo esconderijo, a tumba do faraó Amenhotep II, foram depositadas dez múmias reais e outras seis não identificadas. Em períodos posteriores, outros sepultamentos coletivos devem ter sido organizados da mesma maneira. Destes, certamente, como já observamos, são provenientes as múmias e diversos artefatos da coleção do Museu Nacional do Rio de Janeiro. As últimas tentativas de conter os saques das tumbas foram eficazes. O “descanso” das múmias só foi novamente perturbado dois mil anos depois, quando antiquários e saqueadores as descobriram no século XIX. Conclusão A preparação para uma vida futura, segundo a religião egípcia, devia incluir nos túmulos objetos que o morto iria reutilizar. Tais objetos foram o principal alvo da atividade dos saqueadores. Na tentativa de contê-los, antes mesmo dos saques serem efetuados, sua prática já era condenada pela ideologia religiosa. A arquitetura funerária foi modificada, as tumbas imponentes foram substituídas pelos discretos hipogeus, construídos longe dos templos funerários. A própria vila de Deir el-Medina, construída isoladamente, representa uma tentativa efetiva de vigilância do Estado sobre a população de trabalhadores e artesãos encarregados da construção das tumbas. Mesmo assim os saques ocorriam e, em algumas ocasiões, contavam com o apoio de autoridades responsáveis pela manutenção das tumbas, como comprovado pelas descrições contidas nos papiros e nas ostracas provenientes da vila. Estas atitudes eram combatidas por outras pessoas de posição equivalente que denunciaram estas ocorrências. Como última medida, os sacerdotes procuraram reunir as múmias restantes e artefatos funerários, e os depositaram em tumbas coletivas. Este material corresponderia ao que foi encontrado no século passado por antiquários e saqueadores e veio a constituir as coleções de museus atuais, como o Museu Nacional no Rio de Janeiro. Os fatores relativos aos saques contribuíram para estabelecer um contexto comum a estas coleções, que se incorporou à sua história e por isto se tornam imprescindíveis para seu estudo, já que ser tornaram mais uma regra do que exceção em se tratando de tumbas egípcias. Havia muitos amuletos ugiat e ornamentos em seu pescoço, e uma máscara de ouro sobre ele. A nobre múmia do rei estava completamente coberta com ouro e seus ataúdes eram decorados com ouro e prata dentro e fora, e incrustados com pedras preciosas de todo o tipo. Nós pegamos o ouro, que nós encontramos na nobre múmia deste deus, e seus amuletos ugiat, e os ornamentos, os quais estavam em seu pescoço e os das bandagens, nas quais ele jazia. Nós encontramos a rainha, similarmente adornada, e nós pegamos tudo o que encontramos sobre ela também, nós colocamos fogo nas faixas, nós roubamos seus atavios, os quais nós encontramos sobre eles, objetos de ouro prata e bronze e dividimos entre nós. Nós dividimos o ouro, o qual nós encontramos sobre estes dois deuses e sobre suas múmias, em oito partes... depois nós atravessamos [o rio] em direção a Tebas. Poucos dias depois, os superintendentes do distrito ouviram sobre nosso saque no ocidente e eles prenderam-me e mantiveram-me na sala do prefeito de Tebas (...)” (Harris e Weeks, 1973: 104). Após a comprovação do roubo da tumba de Sobekemsaf e de Nebkhaas, Paser solicitou ao tjati9 Khaemwese uma inspeção na necrópole, afim de identificar quais tumbas haviam sido violadas. O papiro Abbott, conservado no Museu Britânico em Londres, descreve esta inspeção e aponta que apenas uma tumba real foi encontrada saqueada: “A pirâmide do faraó Setkhemre-Shedtawy, filho de Ra, Sobekemsaf: os ladrões arrombaram por um túnel através da câmara inferior da pirâmide para o saguão central da tumba do superintendente do celeiro do rei, Menkheperre Nebamon. A câmara funerária do rei foi encontrada vazia de seu senhor, como estava a câmara funerária da rainha, Nebkhaas, sua consorte. Os ladrões deixaram cair suas mãos sobre eles: O tjati, os nobres e os mordomos investigaram isto, e a maneira pela qual os saqueadores colocaram suas mãos sobre o rei e sua consorte foi determinada (...)” (Harris e Weeks, 1973: 105). Este fato demonstra uma contradição entre as declarações de Paser e de Pawero. Isto se devia, provavelmente, ao envolvimento deste último com os saques. Ele próprio deve ter conduzido a investigação e as ações de inúmeros saqueadores certamente foram ocultadas. Ainda no mesmo papiro, os inspetores se referem a violações de tumbas privadas e descrevem o caráter destrutivo das ações dos saqueadores: “ Os túmulos e tumbas na qual os privilegiados dos primeiros tempos, as habitantes e as pessoas da terra do descanso, no Ocidente da cidade: eles foram encontrados pelos saqueadores, que os violaram todos, arrancando seus donos de seus ataúdes e suas faixas, jogando-os através do deserto, e pilhando seu enxoval funerário, com o qual eles estavam, junto com o ouro e a prata e os objetos que estavam entre suas faixas” (Harris e Weeks, 1973: 105). Tal relato seria suficiente para condenar Pawero por negligência. No entanto, ele ainda conseguiu assegurar seu posto e mantinha o mesmo discurso. Paser, por seu lado, continuou insistindo em provar que os roubos realmente existiam e obteve confissões de alguns saqueadores. Porém, perante o tjati, eles negavam seu envolvimento. Paser tomou uma última decisão – listou as tumbas saqueadas para comunicar ao faraó os roubos. Entretanto, um comentário com Nesuamon, o mordomo real, prejudicou seu plano. Nesuamon escreveu uma carta a Khaemwese, afirmando: “seria uma ofensa se um na minha posição ouvisse tal coisa e a ocultasse” (Harris e Weeks, 1973: 107). Kaemwase opunha-se às acusações de saques que, para ele, não tinham fundamento. Esta atitude teve como principal conseqüência a continuação da ação dos saqueadores. Paser só conseguiu conter os roubos depois de doze meses, quando uma nova tumba havia sido violada. Khaemwase, então, teve que admitir a existência dos saques e provavelmente foi deposto. Um novo tjati, Nebmare-Nakht, com empenho, conseguiu prender quarenta e cinco saqueadores. No ano 19 do reinado de Ramsés XI, aproximadamente 1095 a. C., um interrogatório foi efetuado no templo da deusa Mut10 (Desroches-Noblecourt, 1984: 49). Entre os envolvidos estavam o inspetor do templo de Amon, Payesokar, o queimador de incenso do templo de Amon, Shed-Khonsu, o trombeteiro do templo de Amon, Amonkhaw, o estrangeiro, Userhet-Nakht, e o queimador de incenso Nesamon (Harris e Weeks, 1973: 108-111). As confissões foram obtidas através de bastonadas. Os papiros, entretanto, não mencionam o fim desta história. Os envolvidos no saque das tumbas tebanas provavelmente foram condenados e mortos. As tentativas de fiscalização das tumbas continuaram. Horemkhenesi, chefe dos trabalhadores, deixou registrado em um grafite (n° 2138), a leste da entrada da tumba de Seti II, o seu trabalho: “Ano 20, segundo mês do verão, (...), a vinda do sacerdote-wab de Amon-Ra, rei dos deuses, o maior no grupo do local da verdade, Horemkenensi, para fazer a inspeção inicial no grande vale, com os agentes do grupo, os quais estavam sob seu comando: Heramonpena, (...), Kenamon e Sapaankh” (Taylor, 1995: 18). Com a morte de Ramsés XI, o Egito entrou em um novo período de conturbação social. O Vale dos Reis não era, agora, um local seguro, nem mesmo para os vivos. Temerosos, os últimos trabalhadores de Deir el-Medina mudaram-se para o Sul, refugiando-se no interior das muralhas do templo de Medinet Habu. Posteriormente a esta mudança, os trabalhadores foram dispersos, sendo alguns recrutados pelo exército (Taylor, 1995: 38). Preocupados com a segurança das múmias, os oficiais continuaram fiscalizando as tumbas conhecidas e começaram uma busca para encontrar as tumbas antigas. Iniciou-se um novo processo, em meados da XXI dinastia, uma espécie de confisco de bens que não haviam sido levados pelos saqueadores. Este episódio é às vezes descrito como “a saga das múmias errantes”. Os sacerdotes do templo de Karnak recolheram as múmias que ainda se encontraram nas tumbas. Muitas estavam danificadas e foram restauradas, reenfaixadas e depositadas em “novos” ataúdes, pertencentes a outros indivíduos cujas múmias provavelmente haviam sido destruídas (El-Nawaway, 1980: x). Inúmeras múmias passaram por várias tumbas, até serem depositadas em dois “esconderijos reais”. Este fato ocorreu no início da XXIII dinastia, durante o reinado do faraó Sheshonq I (c. 945 a. C.). O primeiro esconderijo era a tumba da rainha Inhapi, onde quarenta múmias (sendo trinta e duas de personalidades régias e oito sacerdotais) foram inumadas (El-Mahdy, 1995: 36-37). No segundo esconderijo, a tumba do faraó Amenhotep II, foram depositadas dez múmias reais e outras seis não identificadas. Em períodos posteriores, outros sepultamentos coletivos devem ter sido organizados da mesma maneira. Destes, certamente, como já observamos, são provenientes as múmias e diversos artefatos da coleção do Museu Nacional do Rio de Janeiro. As últimas tentativas de conter os saques das tumbas foram eficazes. O “descanso” das múmias só foi novamente perturbado dois mil anos depois, quando antiquários e saqueadores as descobriram no século XIX. Conclusão A preparação para uma vida futura, segundo a religião egípcia, devia incluir nos túmulos objetos que o morto iria reutilizar. Tais objetos foram o principal alvo da atividade dos saqueadores. Na tentativa de contê-los, antes mesmo dos saques serem efetuados, sua prática já era condenada pela ideologia religiosa. A arquitetura funerária foi modificada, as tumbas imponentes foram substituídas pelos discretos hipogeus, construídos longe dos templos funerários. A própria vila de Deir el-Medina, construída isoladamente, representa uma tentativa efetiva de vigilância do Estado sobre a população de trabalhadores e artesãos encarregados da construção das tumbas. Mesmo assim os saques ocorriam e, em algumas ocasiões, contavam com o apoio de autoridades responsáveis pela manutenção das tumbas, como comprovado pelas descrições contidas nos papiros e nas ostracas provenientes da vila. Estas atitudes eram combatidas por outras pessoas de posição equivalente que denunciaram estas ocorrências. Como última medida, os sacerdotes procuraram reunir as múmias restantes e artefatos funerários, e os depositaram em tumbas coletivas. Este material corresponderia ao que foi encontrado no século passado por antiquários e saqueadores e veio a constituir as coleções de museus atuais, como o Museu Nacional no Rio de Janeiro. Os fatores relativos aos saques contribuíram para estabelecer um contexto comum a estas coleções, que se incorporou à sua história e por isto se tornam imprescindíveis para seu estudo, já que se tornaram mais uma regra do que exceção em se tratando de tumbas egípcias.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Uma cerveja para o Faraó

Em 1990, arqueólogos encontraram um recinto perdido em baixo do Templo do Sol da rainha Nefertiti em Tell el-Amarna e tal descoberta mudou para sempre a história da cerveja. Depois de analisarem a borra encontrada em grandes tonéis naquele local, chegaram à conclusão de que tinham achado uma cervejaria que produzia bebida para os faraós. Essa talvez seja a mais antiga cervejaria conhecida. Os estudiosos foram até mesmo capazes de decifrar a receita e o método de fermentação usado pelos antigos egípcios para fazer cerveja.Em 1995, a Egypt Exploration Society reuniu-se a duas cervejarias inglesas e, usando exatamente os mesmos ingredientes e o mesmo processo de preparação, foram capazes de reproduzir a antiquíssima cerveja. Em um leilão, uma garrafa de 373 mililitros dessa cerveja foi vendida por 7200 dólares!!Depois disso, o Sibel Institute of Technology, uma instituição de Chicago destinada à formação de profissionais cervejeiros, foi mobilizado para supervisionar a produção de uma quantidade rigidamente controlada de uma cerveja baseada naquela fórmula, digna do paladar de um faraó, e que recebeu, adequadamente, o nome de Pharaoh's Gold (Ouro do Faraó).Em 1997 o produto começou a ser comercializado. A bebida é fabricada sem produtos químicos e com ingredientes completamente naturais, fermentada em tonéis por dois meses e meio e, a seguir, fermentada e envelhecida na garrafa por mais de um ano. A empresa que a produz chama-se Pharaoh's Brew Ltd. e está situada na cidade de Glendale, na Califórnia. Enquanto que as cervejas atuais podem ser armazenadas, em média, por seis meses, esse novo produto — afirmam os fabricantes — continua perfeito ano após ano e seu tempo de armazenagem pode ultrapassar o de muitos vinhos finos. Além disso, seu teor de álcool é três vezes superior ao da maioria das cervejas disponíveis no mercado.Com características tão únicas, ela vem embalada em garrafas personalizadas, com selos de proteção especiais, acabadas à mão, numeradas, assinadas e datadas pelo cervejeiro, sendo vendida apenas uma unidade para cada comprador previamente registrado. Não há duas garrafas iguais, também afirmam os fabricantes. Cada garrafa é tão individual quanto uma impressão digital para cada comprador registrado. Para assegurar a autenticidade, ao ser vendida a garrafa é registrada no nome do comprador na Onan Library of Beer. O preço disso tudo? Cem dólares mais frete para cada garrafa. Parte desse dinheiro é doado ao Museu do Cairo. Se você se habilitar, bom proveito.

Correção ortopédica no Egito antigo.

Um parafuso de ferro com quase 23 centímetros de comprimento foi encontrado por pesquisadores na articulação do joelho da perna esquerda da múmia de um sacerdote egípcio. Essa peça metálica ligando a coxa com a perna do morto é o primeiro exemplo conhecido de correção ortopédica na antiguidade. O parafuso está revestido por uma espécie de resina adesiva, usada provavelmente para cimentar o metal no lugar. O pino tem formato semelhante ao dos pinos que os cirurgiões atuais usam para obter boa estabilidade do osso. Aparentemente os egípcios sabiam como usar os flanges de um parafuso para estabilizar a rotação da perna. Os cientistas descartaram a possibilidade de tratar-se de uma tentativa recente de restauração da múmia e concluíram que o artefato deve ter sido implantado no corpo durante o processo de mumificação, que ocorreu cerca de 630 anos a.C. E por que os egípcios teriam esse trabalho para consertar a perna de um homem morto? Simplesmente porque sendo a reencarnação uma crença profundamente enraizada, eles tudo faziam para preservar o corpo tão bem quanto possível para uma nova existência.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Arquiteto levanta nova teoria para a pirâmide de Quéops

O arquiteto francês Jean-Pierre Houdin afirmou ter encontrado a chave para desvendar os mistérios da construção da pirâmide de Quéops, a maior das pirâmides do Egito. Houdin diz que a construção de 4,5 mil anos, nos arredores do Cairo, foi executada com o auxílio de uma rampa interna para elevar os enormes blocos de pedra até os seus lugares.As outras teorias afirmam que os 3 milhões de pedras – cada uma com 2,5 toneladas – foram empurradas até os locais em que se encontram por cima de rampas externas.Houdin passou oito anos estudando o assunto e construiu um modelo computadorizado para ilustrar a sua teoria sobre a construção da pirâmide."Esta é melhor que as outras teorias, porque é a única que realmente funciona", disse o arquiteto ao divulgar a sua tese com o auxílio de uma simulação em três dimensões.Rampa externaEle acredita que uma rampa externa foi usada apenas para construir os primeiros 43 metros e que, então, foi construída a rampa interna para transportar os blocos até o cume da construção, de 137 metros de altura. A pirâmide foi construída para servir de tumba ao faraó Khufu, também conhecido como Quéops. A grande galeria no interior da pirâmide, outra fonte de mistério para egiptólogos, teria sido usada para abrigar um enorme contrapeso que teria suspendido as 60 lajes de granito que ficam acima da Câmara Real. "Essa teoria vai contra as duas principais teses aceitas até hoje", disse o egiptólogo Bob Brier à agência de notícias Reuters. 'Erradas'. Faz 20 anos que as ensino, mas no fundo, sei que elas estão erradas", admitiu o especialista.De acordo com Houdin, uma rampa externa até o alto da pirâmide teria tapado a vista e deixado pouco espaço para trabalhar, enquanto uma longa rampa frontal necessitaria de pedras demais.Além disso, há muito poucos indícios de que jamais tenham sido montadas rampas externas no entorno da pirâmide. Houdin disse ainda que, usando a técnica postulada por ele, a pirâmide pode ter sido construída por apenas 4 mil pessoas, em vez das 100 mil calculadas por outras teorias. O arquiteto espera reunir um grupo de especialistas para comprovar a teoria com o auxílio de radares e outros métodos não invasivos. Como podemos ver aqui, nem mesmo a ciência consegue entrar em um acordo sobre uma obra tão antiga, mas a arrogância continua à frente da razão.