Nenhum pesquisador duvida que o pensamento abstrato do Homo sapiens é um feito inédito no mundo animal. Mas, quanto mais os cientistas sabem sobre espécies como chimpanzés, gorilas, orangotangos, baleias e golfinhos, mais eles chegam à conclusão de que a barreira intelectual que separa os homens desses animais é bem menor do que se imaginava. Dois estudos pioneiros, nas décadas de 1950 e 1960, foram fundamentais para diminuir essa distância. O primeiro, realizado na ilha de Koshima, no Japão, detectou que os macacos da região eram capazes de aprender novas técnicas para se alimentar a partir da mudança do hábito de um dos seus pares. A pesquisa revelou que um jovem macaco provocara uma pequena revolução na ilha ao passar a lavar a batata-doce num pequeno braço dágua antes de comê-la, ato que passou a ser repetido por três quartos de todos os macacos jovens da ilha. A descoberta provou que o homem não era o único a transmitir um comportamento socialmente adquirido não transmitido geneticamente nem aprendido individualmente. | O segundo estudo foi o da inglesa Jane Goodall que, ao conviver com chimpanzés na Tanzânia, provou que esses primatas tinham uma complexa vida social, uma linguagem primitiva com mais de 20 sons e a capacidade de usar diversas ferramentas para obter alimento algo considerado exclusivo da nossa espécie. Além disso, os pesquisadores sabem que mamíferos como
baleias, golfinhos e elefantes conseguem aprender e ensinar. Como até a ONU já reconheceu que não dá mais para tratar os grandes primatas como animais comuns (o secretário-geral da ONU Kofi Annan escreveu que, assim como nós, eles têm autoconsciência, cultura própria, ferramentas e habilidades políticas), é bem possível que, no futuro, o homem venha a descobrir que se comportou diante dessas espécies com a mesma arrogância das velhas teorias de superioridade racial. |
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