Os livros recém-introduzidos nas escolas palestinas ensinam aos alunos um Oriente Médio em que Israel não existe geograficamente e pregam o ódio em relação aos “inimigos sionistas”, de acordo com um estudo publicado pela organização não-governamental israelense Palestinian Media Watch.“Basicamente, o que está sendo dito a uma criança bem-educada é que ela tem de ser favorável à destruição de Israel. Os livros não permitem que ela tenha a opção de aceitar Israel como um vizinho”, diz o diretor da ONG, Itamar Marcus.A organização analisou os novos livros introduzidos pela Autoridade Palestina para alunos do 12º ano no fim de 2006, quando foi concluído o processo de substituição de livros jordanianos e egípcios - utilizados até 2000 - por obras produzidas pelo governo palestino.“Os livros jordanianos, que eram os mais utilizados, tratavam o conflito entre israelenses e palestinos da mesma forma e a expectativa era de que sua substituição consertaria os erros, mas a maioria foi mantida”, afirma Marcus.Vários trechos dos novos livros foram traduzidos pela Palestinian Media Watch. Um deles diz que “a guerra na Palestina terminou em uma catástrofe sem precedentes na História, quando as gangues sionistas roubaram a Palestina e expulsaram seu povo de suas cidades, suas vilas, suas terras e suas casas e fundaram o Estado de Israel”.A ONG também afirma que vários textos tratam o conflito entre isralenses e palestinos como uma “guerra religiosa” e dizem que “o uso de violência contra Israel é permitido nas leis internacionais”.O diretor interino do Centro de Currículo do Ministério da Educação palestino, Mohammed Alsboa, diz que a ONG distorceu o significado do trecho. “O livro fala que a Cisjordânia e Gaza continuam sendo territórios ocupados, portanto a lei internacional permite resistência contra as forças de ocupação”, explica Alsboa.Geografia DistorcidaA ocorrência do Holocausto também teria sido omitida. “A Segunda Guerra Mundial é tão detalhada nos livros que é mencionado até o número de nazistas levados a julgamento. Mas eles não falam a razão pela qual eles foram julgados. Dizem apenas que eles eram racistas, mas não mencionam que o racismo era contra judeus”, diz Marcus.Em relação à geografia do Oriente Médio, os livros palestinos têm algo em comum com os utilizados no ensino israelense: distorcem a realidade ao retratar uma região considerada ideal.“Em todos os mapas, a palavra ‘Palestina’ aparece em toda a região entre a Jordânia e o Mediterrâneo. Israel não existe”, diz Marcus.Alsboa rejeita a afirmação: “Nem Israel nem a Palestina são mencionados nos mapas. Eles apenas falam na região do Norte da África e do Oriente Médio.”Por outro lado, os livros escolares israelenses retratam os territórios ocupados na guerra de 1967 – a Cisjordânia, Gaza, Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã – como sendo parte de Israel.Na mesma época em que os livros palestinos estavam sendo introduzidos para os alunos do último ano do colégio, a ministra da Educação de Israel, Yuli Tamir, criou polêmica ao exigir que a chamada “linha verde”, que mostra as fronteiras de Israel com os territórios ocupados, seja incluída nos livros.“Você não pode ensinar História sem saber quais as fronteiras que Israel costumava ter. Não podemos ensinar às crianças o que aconteceu em 1967 se elas não têm consciência de onde está a fronteira”, disse Tamir na época.Marcus ressalta que, apesar da imprecisão dos livros israelenses em relação ao assunto, “eles não se referem aos palestinos como gangues e evitam a terminologia diabólica usada nos livros palestinos”.“Os livros escolares israelenses falam sobre o processo de paz e o promovem. E falam em ceder, em entrar em acordo - o que não existe nos livros palestinos.”Porém Alsboa diz que os livros da Autoridade Palestina também passam uma mensagem de paz aos alunos e não incitam o ódio contra israelenses. “Os livros falam apenas sobre a tragédia ocorrida ao povo palestino em 1948.”Inimigo AmericanoOs Estados Unidos também são retratados de forma negativa nos novos livros. “Eles se concentram nas relações dos Estados Unidos com Israel e ignoram o fato de os americanos terem dado à Autoridade Palestina mais ajuda financeira do que deram para qualquer outro país no mundo”, diz Marcus.O trecho de um texto traduzido pela ONG também apóia a violência contra soldados britânicos e americanos no Iraque ao classificar os atos contra as tropas de “corajosa resistência para liberar o Iraque”.O relatório da Palestinian Media Watch conclui que “em vez de aproveitar a oportunidade para educar futuras gerações a viver em paz com Israel, os livros escolares da Autoridade Palestina glorificam o terror e ensinam suas crianças a odiar Israel”.A ONG apresentou os problemas ao comitê de educação do Knesset, o Parlamento israelense, que prometeu pedir ao presidente do país, Ehud Olmert, que aborde o assunto em seu próximo encontro com o presidente palestino, Mahmoud Abbas.“Esperamos que Abbas perceba os perigos para israelenses e palestinos de ter crianças palestinas sendo educadas desta forma e tome alguma atitude”, disse Marcus.
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quinta-feira, 5 de março de 2009
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